sábado, 28 de agosto de 2010

Início de Conversa



Quando decidi sair do conforto, foi de caso pensado. Tudo estava me irritando, tudo aquilo que me protegia, que me resguardava de sangrar através de todos os poros. Chega de satisfações externas, de sono conturbado pela falta de profundidade na minha vida. Não queria mais viver. Não queria mais viver para lidar com os problemas de uma realidade que não me completava.
Se fosse para sofrer, então que fosse um sofrimento escolhido, aquele sofrimento que te faz sentir liberto, simplesmente porque você tem a certeza de que ele faz parte do seu ser, está nas suas entranhas, na sua cabeça, contempla as sua razões: ele é seu!
Escolhi o deserto. Uma paisagem intensa, palco de um drama prático, contrasta com o drama interno. Não há luta por qualquer coisa que não seja a própria existência. É mais que sobrevivência. É sobre-humano no sentido de que a necessidade física dialoga diretamente com o espírito e a mente. Ele te diz quem é você sozinho... e diz bem alto.

Um comentário:

  1. O deserto tem suas peculiaridades, seu lado bom e ruim. Por um lado, cria oásis, e eu os vejo como passagens entre dimensões; por outro, chove pouco, a água é escassa. Mas ambos podem ser vistos como algo positivo: trazem identidade e um caminho para o conhecimento. Nem todo eremita caminha por penitência, mas pelo auto-conhecimento. Equivale a uma floresta densa ou ao mar de quem pretende da mesma forma se livrar de uma realidade em que as máquinas predominam.
    Acho que eu descobri onde é o seu Nothing Box, ou pelo menos a porta até ele! rsrs

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